A Bolha Imobiliária Japonesa De 1985

A economia, independente de país ou região, se movimenta em ciclos de mercado, de expansão e contração, de acordo com as atitudes dos agentes econômicos que participam dela. Uma das formas de saber se posicionar e reagir diante dos acontecimentos que podem nos impactar é aprendendo com a história das grandes crises mundiais, que têm muito a ensinar porque os motivos do surgimento delas acabam se repetindo. No Japão, na década de 80, houve uma bolha imobiliária que trouxe um grande problema para a economia, causada por vários motivos, dentre os principais: •Desregulamentação gradual dos controles financeiros•Volumosos empréstimos japoneses no exterior e do exterior para o Japão•Problemas com os mercados compradores – o Japão exportava sua produção para outros países asiáticos. Com as crises cambiais de 97, as vendas caíram, houve paralisia de investimentos e a inflação de empréstimos se transformou numa imensa montanha de créditos incobráveis•Uma taxa de câmbio que valorizava o iene – que foi de 260 por dólar em 1982 para 80, até recuar próximo aos 100•Um esforço das autoridades monetárias japonesas para cooperar com o G-7 para baixar a taxa de juros em meados de 1980, como estímulo à recuperação mundial•Uma espécie de endividamento em pirâmide – onde as empresas japonesas se endividavam com o bancos, que por sua vez buscavam recursos com o Banco do Japão, que recebia orientação do Ministério das Finanças•A presença maciça do estado japonês na economia – que acabou gerando a criação de uma espécie de “corrupção estrutural” derivada da estreita relação entre a cúpula do poder político e os grandes grupos industriais e financeiros•E até mesmo a participação do crime organizado – o desenvolvimento da economia especulativa abrigou a expansão das redes mafiosas, onde se entrelaçavam gângsteres, especuladores, políticos e empresários em negócios imobiliários, contratos públicos, “proteção” e espionagem industrial.Como sabemos, as crises estão sempre associadas aos auges dos ciclos econômicos, geralmente marcados pelo excesso de liquidez e crescimento do mercado de capitais. No Japão, não foi diferente: a economia japonesa viveu um boom no final da década de 1950 e durante a década de 1960:•As exportações flutuaram, mas cresceram•Os investimentos e a poupança estavam altos•A utilização de tecnologia, a inovação e a invenção eram pungentes•O índice Nikkei (da bolsa de valores japonesa), que teve início com 100 em maio de 1949, já estava em 5.000 no começo da década de 1970, e em 10.000 em 1984. O volume de ações negociadas foi de 120 bilhões de ações em 1983 para 280 bilhões em 1989.Com todo esse otimismo, o mercado imobiliário não poderia ficar para trás: um índice de preços para imóveis residenciais de seis grandes cidades, que começou com 100 em 1955, atingiu 4.100 em meados de 1970, 5.800 por volta de 1980, atingindo o pico de 20.600 em 1989.m 1991, o valor somado dos imóveis do Japão atingiu 18 trilhões de dólares, quatro vezes o preço de todos os prédios e casas dos Estados Unidos na época. Apenas o terreno do Palácio Imperial, em Tóquio, valia mais que todas as casas e prédios da Califórnia juntos. crash era inevitável e ele teve início em janeiro de 1990, quando foi revelada uma série de escândalos envolvendo empréstimos de grandes bancos para clientes favorecidos, implicando em sérias perdas que haviam sido ocultadas por uma contabilidade fantasiosa. Os preços dos imóveis ficaram nivelados quando o índices Nikkei caiu, começando mais tarde um lento movimento de queda, em grande parte devido à paralisação das operações naquele mercado.Três grandes uniões de crédito tiveram que ser salvas pelo governo e acreditava-se, na época, que apenas alguns poucos bancos não tinham crédito “podres” em suas carteiras. O resultado disso foi que o Japão entrou num longo período de estagnação econômica – que se estende até hoje.Portanto, cabe novamente ressaltar que o fenômeno das bolhas imobiliárias não é novo e nem foi inventado ontem. E, já que as lições da crise japonesa não foram aprendidas, a história econômica nos dá mais uma oportunidade. Resta saber o que faremos com ela: estudá-la ou simplesmente esquecê-la.
A economia, independente de país ou região, se movimenta em ciclos de mercado, de expansão e contração, de acordo com as atitudes dos agentes econômicos que participam dela. Uma das formas de saber se posicionar e reagir diante dos acontecimentos que podem nos impactar é aprendendo com a história das grandes crises mundiais, que têm muito a ensinar porque os motivos do surgimento delas acabam se repetindo. No Japão, na década de 80, houve uma bolha imobiliária que trouxe um grande problema para a economia, causada por vários motivos, dentre os principais:
•Desregulamentação gradual dos controles financeiros
•Volumosos empréstimos japoneses no exterior e do exterior para o Japão
•Problemas com os mercados compradores – o Japão exportava sua produção para outros países asiáticos. Com as crises cambiais de 97, as vendas caíram, houve paralisia de investimentos e a inflação de empréstimos se transformou numa imensa montanha de créditos incobráveis
•Uma taxa de câmbio que valorizava o iene – que foi de 260 por dólar em 1982 para 80, até recuar próximo aos 100
•Um esforço das autoridades monetárias japonesas para cooperar com o G-7 para baixar a taxa de juros em meados de 1980, como estímulo à recuperação mundial
•Uma espécie de endividamento em pirâmide – onde as empresas japonesas se endividavam com o bancos, que por sua vez buscavam recursos com o Banco do Japão, que recebia orientação do Ministério das Finanças
•A presença maciça do estado japonês na economia – que acabou gerando a criação de uma espécie de “corrupção estrutural” derivada da estreita relação entre a cúpula do poder político e os grandes grupos industriais e financeiros
•E até mesmo a participação do crime organizado – o desenvolvimento da economia especulativa abrigou a expansão das redes mafiosas, onde se entrelaçavam gângsteres, especuladores, políticos e empresários em negócios imobiliários, contratos públicos, “proteção” e espionagem industrial.
Como sabemos, as crises estão sempre associadas aos auges dos ciclos econômicos, geralmente marcados pelo excesso de liquidez e crescimento do mercado de capitais. No Japão, não foi diferente: a economia japonesa viveu um boom no final da década de 1950 e durante a década de 1960:
•As exportações flutuaram, mas cresceram
•Os investimentos e a poupança estavam altos
•A utilização de tecnologia, a inovação e a invenção eram pungentes
•O índice Nikkei (da bolsa de valores japonesa), que teve início com 100 em maio de 1949, já estava em 5.000 no começo da década de 1970, e em 10.000 em 1984. O volume de ações negociadas foi de 120 bilhões de ações em 1983 para 280 bilhões em 1989.
Com todo esse otimismo, o mercado imobiliário não poderia ficar para trás: um índice de preços para imóveis residenciais de seis grandes cidades, que começou com 100 em 1955, atingiu 4.100 em meados de 1970, 5.800 por volta de 1980, atingindo o pico de 20.600 em 1989.
m 1991, o valor somado dos imóveis do Japão atingiu 18 trilhões de dólares, quatro vezes o preço de todos os prédios e casas dos Estados Unidos na época. Apenas o terreno do Palácio Imperial, em Tóquio, valia mais que todas as casas e prédios da Califórnia juntos.
crash era inevitável e ele teve início em janeiro de 1990, quando foi revelada uma série de escândalos envolvendo empréstimos de grandes bancos para clientes favorecidos, implicando em sérias perdas que haviam sido ocultadas por uma contabilidade fantasiosa. Os preços dos imóveis ficaram nivelados quando o índices Nikkei caiu, começando mais tarde um lento movimento de queda, em grande parte devido à paralisação das operações naquele mercado.
Três grandes uniões de crédito tiveram que ser salvas pelo governo e acreditava-se, na época, que apenas alguns poucos bancos não tinham crédito “podres” em suas carteiras. O resultado disso foi que o Japão entrou num longo período de estagnação econômica – que se estende até hoje.
Portanto, cabe novamente ressaltar que o fenômeno das bolhas imobiliárias não é novo e nem foi inventado ontem. E, já que as lições da crise japonesa não foram aprendidas, a história econômica nos dá mais uma oportunidade. Resta saber o que faremos com ela: estudá-la ou simplesmente esquecê-la.